Morar fora é um sonho que requer muita organização, mas mesmo com toda a pesquisa e planejamento é só vivendo que se aprende. Muito além de documentos e informações cruciais, o que ninguém te conta sobre morar fora é que um processo intenso e transformador.

Mulher brasileira que mora na Europa
Índice O que ninguém te conta sobre morar fora O mito de que mudar para outro país é fácil Como me preparar para morar fora? Morar fora pode ser difícil, mas vale muito a pena Ao morar fora, ganha-se uma vida mais tranquila

Está planejando morar fora ou é um recém-chegado? Vem bater um papo de coração aberto entre imigrantes.

O que ninguém te conta sobre morar fora

Mudar de país só é romântico na tela do cinema. Na prática, dá frio na barriga, ansiedade e aperto na garganta. Por mais bonita que seja a ideia, tomar essa decisão não é simples e levá-la para frente menos ainda.

Entre tantas coisas, compartilhamos o que ninguém te conta sobre morar fora e faz toda a diferença saber antes de fazer as malas. Vamos aos pontos!

O começo é mais difícil do que parece

Não me entenda mal, morar fora é diferente para cada pessoa e, sim, é incrível e um grande privilégio. A qualidade de vida é muito maior e tudo aquilo que a gente cresce vendo na televisão se torna rotina diante dos olhos.

Mas o começo é um perrengue e não há muita escapatória. De chegar sozinho num aeroporto desconhecido e entender como abrir uma conta no banco até se ver morando numa casa estranha, o começo é difícil. Mesmo aqueles que chegam mais preparados, com trabalho garantido e uma boa reserva financeira vão sentir o peso desse começo.

E aí você passa por choques de cultura, se vê sem rede de apoio e precisa trabalhar o networking e fazer amigos. Tudo junto, de uma só vez. Mas enquanto isso a cidade é linda, a cultura é acessível, o poder de compra é maior, a segurança, então, nem se fala.

É um mix de sensações, de dificuldades e momentos de ligar para casa e dizer “meu deus, o que eu estou fazendo aqui”, mas também mandar uma foto para a família e dizer “nossa, que sonho eu estou vivendo”.

A burocracia é eterna

E começa ainda no Brasil. Sendo sincera, hoje eu solicitaria um visto de estudante para Espanha dando risada, mas só porque um dia penei muito para entender tudo.

Chegando para morar na Espanha, então, nem se fala. É fechar e abrir conta em banco, fazer declarações, solicitar documentos, renovar autorizações, se entender em um sistema totalmente novo. E cá entre nós, por mais que hoje (com quase dois anos morando em Barcelona) eu já saiba muita coisa de trás para frente, sempre surge algo novo.

A quantidade de burocracia é inevitável ao morar fora.
Assim como no Brasil, existem muitas formas de lidar com a burocracia local de cada país. Investigue previamente.

Sinto informar, mas a burocracia seguirá te acompanhando mesmo com anos fora de casa. Meu conselho: respira fundo, peça ajuda a outros imigrantes, tenha contatos de advogados brasileiros e, acima de tudo, lembre que as coisas se resolvem.

Um passo para trás, dois para frente

Outro ponto sobre o que ninguém te conta sobre morar fora é o de ter que começar do zero ou quase isso. Não tem jeito!

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Compartilhar apartamento com rommates desconhecidos após morar sozinho por anos e ter que começar como estagiário ou júnior é mais do que normal morando fora. Faz parte do processo e não tem nada a ver com a sua capacidade.

Mas a realidade é que precisamos aprender a nos adaptar morando fora. Eu, Liz, cheguei como estudante e, diferente do que imaginei, não consegui meu visto de trabalho na Espanha tão rápido.

Meu plano B foi estender o estudo e seguir como estagiária, nas condições que isso oferece. Não me arrependo, foi o que abriu as portas no mercado de trabalho para conseguir emprego no exterior. Mas não foi fácil e, é claro, envolveu muita burocracia.

Morar fora é uma aventura para os mais corajosos, sonhadores e ambiciosos. Gabriela, uma grande amiga, também brasileira que mora fora, uma vez me disse:

“É desafiador porque tomamos a decisão de sair de uma bolha da vida tradicional. Recomeçar em outro país é também escolher deixar para trás um caminho previsto para a gente. Não é todo mundo que entende que preferimos os desafios que acompanham as recompensas futuras antes da estabilidade e segurança.”

Você muda. E isso faz parte do processo

É impossível não mudar ao se inserir em uma cultura diferente, com outro jeito de viver, e convivendo com diversas outras nacionalidades.

O que ninguém te conta sobre morar fora é que é como passar por uma longa sessão de terapia. Você se questiona valores, costumes, desejos e sonhos.

Gosto de pensar no amadurecimento como uma mudança que se completa internamente, não como alcançar um ápice de ‘adultice’.

E morar fora te amadurece muito em ideias e ideais, em pouco tempo. É um processo intenso, mas que proporciona um autoconhecimento e tanto.

Saudades, desafios e culpa

Saudade se torna o seu nome do meio quando você mora fora. E arrisco dizer que você sentirá ainda mais amor, paixão e orgulho do Brasil quando estive longe. É só se afastando que vemos as pequenas e grandes maravilhas da nossa casa.

Você sente saudade das pessoas, da comida, de sensações específicas que só existem no Brasil e de muito, muito mais. Mas a medida que o tempo vai passando, a saudade já não é a mesma, ela vai se moldando e você vai se acostumando a estar longe.

Expat Guilt, a culpa do imigrante

Junto dessa sensação agridoce de amar tanto um lugar e estar criando raízes em outro, surge um sentimento bem mais complexo: a culpa de quem mora no exterior.

Culpa por não estar no casamento da sua melhor amiga, por não poder visitar tanto, por sentir que está mais distante de quem você ama. Culpa também por deixar, pouco a pouco, de sentir tanta saudade do Brasil.

É um trabalho constante lembrar que não existe nada de errado em estar buscando seus sonhos e criando uma vida em outro lugar.

É preciso ter muita iniciativa

O que ninguém te conta sobre morar fora é que você precisa fazer muitos movimentos. Perguntar, buscar, fazer chamadas (se prepare, na Europa é comum falar no telefone), perguntar outra vez. É fácil se sentir um pouco drenado ao chegar a um novo país.

Seja para fazer amigos ou se inserir na cultura com os colegas de trabalho e até mesmo em eventos locais, você precisará ter muita iniciativa. Não importa o quão aberto e receptivo um país seja, se a iniciativa não vier de você, nada anda.

Diferente dos seriados da Netflix, é difícil simplesmente fazer um amigo esbarrando em alguém no parque. E mesmo em espaços como universidades e trabalho, a sua iniciativa fará toda a diferença. Então, deixa essa timidez de lado e se atreva o máximo que puder. Se ficar difícil, lembre-se que ninguém te conhece e isso pode ser um empurrãozinho para a coragem.

O mito de que mudar para outro país é fácil

Quem vê de fora só enxerga o glamour, mas não tem nem ideia de tudo o que passamos ao mudar para outro país.

Por vezes nós mesmos nos sentimos vivendo um “perrengue chique”, mas perrengue é perrengue em qualquer lugar, e passar por desafios numa terra onde você é um estrangeiro não é nada fácil.

Encontrar uma casa, estar em dia com as documentações, fazer entrevistas, e muito mais, tudo isso que já é chatinho no Brasil, mas em outro idioma e em um país que não vai passar a mão na sua cabeça só por você ser estrangeiro. Às vezes nem mesmo repetir uma frase que você não entendeu.

O que ninguém te conta sobre morar fora: somos eternos estrangeiros

No novo país tudo é lindo, mas também muito diferente. Burocracias e papeladas em outro idioma à  parte, mudar para outro país é ter que deixar de lado seus costumes, horários e manias.

É literalmente ter que aprender do zero uma nova cultura e torcer para que ela te receba de braços abertos.

O que ninguém te conta sobre morar fora é a dificuldade de lidar com o clima.
Se acostumar com o clima em um novo país é um desafio, especialmente os que nevam ou chovem muito.

O clima é diferente e o inverno na Europa é duro, a cultura de trabalho é outra e as relações são confusas. Não há organização que nos prepare para viver em uma cidade em que neva ou lidar com o pólen da primavera, por exemplo.

Muito menos para nos sentirmos deslocados em uma reunião ou para aquela primeira vez que não somos entendidos quando falamos o idioma local. No fim das contas, o que ninguém te conta sobre morar fora é que somos eternos estrangeiros, mesmo quando conquistamos a cidadania europeia.

Como me preparar para morar fora?

É complicado equilibrar o medo e a coragem, assim como nunca saberemos o que enfrentaremos morando fora. Tudo pode acontecer, mas o que podemos controlar é nos preparando para a tão sonhada ida.

Para se preparar para morar fora, esteja atento aos seguintes pontos:

1. Organização

Sem organização prévia nada vai para frente. Quanto antes você tomar a decisão, decidir o país que você vai se mudar e entender como fará essa mudança — seja com visto de estudante, de trabalho, com cidadania europeia ou outros formatos —, melhor.

Será preciso se planejar, botar a vida no Brasil em ordem, se desfazer de muita coisa, reunir documentações e fazer uma boa reserva financeira. Se ainda não domina o idioma local, é melhor começar antes também!

Aos que vão estudar fora, escolher um curso, se matricular, ser aprovado e solicitar o visto é um processo longo. Não deixe para começar a pesquisar em cima da hora.

2. Planejamento financeiro

O temido tópico quando o assunto é morar fora: dinheiro. É realmente uma das maiores questões, afinal, os gastos começam ainda no Brasil com apostila de Haia, tradução juramentada, emissão de visto, passagens aéreas, entre outros.

Ao chegar, vem o susto da conversão ao entender quanto custa morar fora do Brasil. Sabe aquele papo de “quem converte, não se diverte”? Não escute isso se você planeja uma vida no exterior. No início, enquanto a sua renda for em parte das economias ou vier do Brasil, planejar bem a conversão do seu dinheiro é importante.

Não se esqueça de abrir conta de banco antes de chegar (a Wise é uma boa opção para a fase inicial), e não faça como eu, que cheguei com dinheiro em mãos e um sonho, por pura desinformação na época.

3. Rede de apoio é tudo

Não é tão rápido fazer amigos morando fora, mas encontrar uma rede de apoio é o que salva a sua jornada.

Buscar uma comunidade brasileira ou de imigrantes é a chave de ouro ao se mudar. A ideia de se conhecer, de passar um tempo consigo mesmo e ser um passarinho no mundo é linda na teoria, mas, na prática, precisamos de comunidade tanto por parceria quanto por segurança.

Já perdi as contas de quantas vezes outros imigrantes já me ajudaram com informações importantes e contatos que salvaram a vida! Se não encontrar fácil, busque grupos no Facebook e eventos do MeetUp.

Mas não deixe também de se abrir para oportunidades de conhecer pessoas de outras nacionalidades, isso vai ajudar você a se integrar na cultura e viver novas experiências.

4. Paciência

Por mais difícil que seja, é preciso ter paciência. As coisas podem demorar muito mais do que você esperava. Afinal, a vida não está nem aí para o nosso planejamento.

Enquanto tudo acontece, entre documentos e recomeços, é importante saber aproveitar o momento, desfrutar de tudo o que for possível e ter muita, muita paciência com você mesmo. Não é só um novo país, é uma nova vida.

Morar fora pode ser difícil, mas vale muito a pena

Tenho a teoria de que quem nasceu para ser um passarinho no mundo não descansa mesmo com todas as dificuldades.

Segundo os dados mais recentes do Ministério de Relações Exteriores, hoje somos mais de 4 milhões de brasileiros no exterior, sendo que 32,42% vivem na Europa. Outra curiosidade interessante é que antigamente a maioria dos imigrantes vinha de cidades do interior, e hoje se nota muito mais saída das grandes capitais, segundo o portal Publico.

A qualidade de vida na Europa, o maior poder de compra, a segurança e o acesso a tantas coisas incríveis são só algumas das coisas que ganhamos por ter essa coragem e privilégio de morar fora do Brasil.

Depois dos primeiros anos, as coisas começam a melhorar

Outro ponto sobre o que ninguém te conta sobre morar fora e que uma grande amiga que já morava na Espanha, me ensinou foi: a teoria dos dois anos, a qual posso afirmar que é verdade.

“O primeiro ano é o de resolver tudo, de se entender e redescobrir, de passar por todas as burocracias e questões emocionais. Já no segundo a vida começa a se estabelecer e tudo fica mais fácil.”

Na minha comunidade de brasileiros na Espanha há pessoas que chegaram com cidadania, outras com trabalho e muitas como estudantes apostando no futuro. Mesmo os com cidadania europeia passaram pela teoria dos dois anos.

Uma das coisas que ninguém te conta sobre morar fora é que por mais que um passaporte europeu facilite muito a vida, sair da zona de conforto é complicado para qualquer um. Mas a boa notícia é que passa e esse novo lugar, antes desconhecido, hoje é a sua nova casa e que você defende com unhas e dentes.

Próxima viagem marcada? Temos!

Se viver nesse novo país já parece um sonho, o momento em que você se dá conta que pode viajar com muito mais facilidade é incrível.

O que ninguém te conta sobre morar fora é que o processo de adaptação não é um glamour.
Viajar entre países quando se mora na Europa é muito mais fácil e acessível.

Tudo está mais perto, é mais barato, as viagens são incentivadas e, se for de trem, existem até mesmo abonos mais baratos. Entre todas as vantagens de morar fora, poder lotar a agenda de viagens e planejar conhecer países que antes pareciam tão distantes é uma das vantagens mais legais.

Ao morar fora, ganha-se uma vida mais tranquila

A cultura em outros países, especialmente os da Europa, nos oferece algo que até estranhamos inicialmente: a tranquilidade.

A vida é um pouco mais devagar, mesmo em capitais como Barcelona e Madrid. O trabalho tem mais limites em horário, o lazer é muito mais valorizado e as férias não são um luxo, e sim um básico, assim como os feriados prolongados.

Mesmo em países onde o salário mínimo não é dos maiores, a qualidade de vida continua sendo excelente. E isso não há preço que pague. 

No fim das contas, o que ninguém te conta sobre morar fora é que a sua experiência é única. É uma caixinha de surpresas, mas que bem planejada e acompanhada de coragem e um coração aberto para enfrentar tudo o que acompanha construir uma nova vida, vale muito a pena. Você vai ver!

Está buscando mais inspiração para a mudança? Recomendo a leitura do ebook “O Sonho de Viver na Europa”, que traz histórias e relatos de brasileiros que atravessaram o Atlântico em busca de uma nova vida e oportunidades.