Não aspiro gerar controvérsias nem criar polêmica ao falar, mas quero tratar de algo profundamente pessoal: meus sentimentos e das poucas coisas que sinto saudade do Brasil. Você pode se identificar com eles ou não. Pode concordar comigo ou me criticar.

Índice Quando você se torna imigrante Uma realidade aparentemente confortável Como brasileiros lidam com a saudade Ausência de saudade do Brasil Meu estilo de vida caseiro Falta de pertencimento Do que realmente sinto saudade do Brasil Pensando em saudade do Brasil

Reconheço que, para alguns, meu ponto de vista pode até parecer antipático. Mas quero compartilhar uma reflexão sobre a saudade do Brasil. Ou, mais especificamente, sobre a ausência dessa saudade.

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Quando você se torna imigrante

Optar por sair da sua zona de conforto e explorar o mundo é um ato de coragem imensa. É o tipo de decisão cujo real impacto você só compreende com o tempo.

Desde que cheguei para morar em Portugal em 2020, tenho vivido uma montanha-russa de emoções. Há dias em que tudo parece mais simples; em outros, a jornada é mais desafiadora.

Não me arrependo da decisão, mas é impossível não refletir sobre ela.

Uma realidade aparentemente confortável

Eu tinha um ótimo emprego e um salário excelente. Viajando duas vezes por ano para fora do Brasil, parecia que minha vida era extremamente confortável. Mas essa era apenas a parte visível, a superfície. Quando olhava mais de perto, percebia que algo precisava mudar.

No fundo, não posso dizer que era verdadeiramente feliz. No meu último trabalho, minha rotina girava em torno de resolver problemas. Eu era o “bombeiro”, sempre apagando incêndios. Por muito tempo, minha principal função foi “resolver pepinos” ou “descascar abacaxis” a qualquer hora, seja noite, dia, sábado, domingo ou feriado.

Meu telefone tocava nos momentos mais inconvenientes, com pedidos sempre urgentes. Desenvolvi um verdadeiro gatilho com “grupos de WhatsApp” e reuniões que, ao invés de rápidas, se estendiam por quatro horas ou mais.

Homem em escritório
Trabalhar apenas resolvendo problemas era um motivo de muito stress na minha rotina.

Mesmo morando em um bairro considerado tranquilo no Rio de Janeiro, com a praia praticamente na porta de casa, eu vivia sob constante tensão, temendo que algo de ruim acontecesse a qualquer momento. A violência parecia se aproximar cada vez mais — um vizinho, um colega de trabalho — e eu logo pensava que seria o próximo.

Certa vez, fui roubado enquanto parado em um sinal de trânsito. Em outras ocasiões, escapei por pouco de situações potencialmente perigosas, algumas até relacionadas à minha profissão de jornalista.

Estresse constante, algo que não sinto saudade do Brasil

Estresse seria uma das poucas coisas que sinto saudade do Brasil? Jamais! Sei que muitas pessoas enfrentam realidades muito mais difíceis do que a minha no Brasil, mas cada um tem seus próprios limites.

Eu vivia sob estresse contínuo, o que começou a afetar visivelmente minha saúde física e mental. Não é uma maneira agradável de viver. Além disso, havia outras questões que me faziam questionar repetidamente: o que ainda estou fazendo aqui?

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Hoje, me pergunto: como sentir saudade disso?

Como brasileiros lidam com a saudade

Percebo que muitos brasileiros que imigram têm dificuldade em lidar com a saudade. Posso falar com mais propriedade sobre Portugal, onde moro atualmente.

É impressionante a quantidade de conterrâneos que acabam abandonando seus planos de viver no exterior por não conseguirem lidar com aquilo de que sentem falta. E a lista é interminável.

Os brasileiros mencionam saudades de coisas, comidas, lugares e situações diversas. No inverno ou outono, por exemplo, é comum ouvir reclamações sobre o frio e declarações de saudade do clima do Brasil. Outros criticam o mercado de trabalho, os salários, os arrendamentos (aluguéis) e o custo de vida, expressando nostalgia pelo que deixaram no Brasil.

Entendo e, acima de tudo, respeito esses sentimentos, mas será que essa é uma das poucas coisas que sinto saudade do Brasil? Não e pelo contrário, discordo em muitos aspectos. Para a maioria dessas “saudades”, há substituições à altura em diversos países da Europa. Não estou aqui para criticar ninguém, e nem é esse o objetivo desta coluna.

Cada um conhece suas necessidades, expectativas e o que é importante para si. No entanto, acredito que mudar de país exige a disposição de deixar muita coisa para trás.

A verdade é que a decisão de imigrar deve vir acompanhada de uma reflexão sobre como você planeja lidar com a saudade. E, muitas vezes, essa descoberta só ocorre na prática.

Ausência de saudade do Brasil

O ponto que quero destacar é que, no meu caso, não sinto saudade de quase nada do Brasil.

Reconheço que essa afirmação pode parecer forte e até polêmica, mas é a verdade. Tirando minha família e alguns poucos (e verdadeiros) amigos, não encontro grandes razões para querer voltar ao Brasil, muito menos para sentir saudade.

Antes que alguém pense em dizer algo como “a Europa te subiu à cabeça” ou “ele tem raiva do Brasil”, esclareço que não é nada disso. Muito pelo contrário.

Tenho grande orgulho do meu país de origem e reconheço sua importância no cenário mundial. Mesmo bem-adaptado em Portugal, acompanho diariamente o que acontece no Brasil em sites como G1, entre outros.

O fato é que, simplesmente, há uma completa ausência de saudade. Não sinto os mesmos motivos que tantos brasileiros relatam sentir.

Meu estilo de vida caseiro

No Brasil, sempre levei uma vida muito tranquila. Não sou uma pessoa super sociável; sou mais reservado, com poucos amigos. Sempre fui assim.

Não gosto de noitadas, bares, festas, boates, carnaval, pagode ou samba. Esse é meu estilo — uma pessoa pacata. Uns dirão até chato, mas esse é meu jeito. Quem me conhece sabe bem disso.

O que me faz feliz são minhas músicas, minhas séries, meus filmes, meu lar, minha vida de casado e minhas viagens. Isso é o que me completa.

A minha realidade em Portugal

Além da tranquilidade, experimento uma sensação de segurança em Portugal. Tenho o privilégio de viver uma rotina leve e sem estresse.

Moro em uma cidade pouco conhecida no norte de Portugal, mas que oferece tudo o que preciso, por perto e sem grandes esforços. O máximo de agitação por aqui é a festa dos Santos Populares, no meio do ano. Quando quero, posso assistir ao pôr do sol em uma praia ou desfrutar de um friozinho gostoso na Serra da Estrela. E isso me basta.

As oportunidades profissionais na minha área aqui são bem mais escassas do que no Brasil, algo de que eu já tinha consciência. No entanto, é importante ressaltar que estou vivendo um momento de transformação.

Hoje, percebo que a reinvenção faz parte do meu crescimento pessoal. Ainda estou no processo de avaliar as escolhas de carreira que fiz nos últimos anos e entender se é esse o caminho que quero seguir no futuro. Avaliar opções e repensar rotas é uma tarefa valiosa em qualquer fase da vida.

Eu poderia estar passando por esse processo no Brasil? Talvez sim, em uma cidade fora dos grandes centros urbanos. No entanto, Portugal é a minha escolha atual. Foi e continua sendo uma decisão consciente.

Não tenho ilusões de morar em um país perfeito — longe disso. Afinal, nenhum lugar no mundo é perfeito. Mas aqui, neste momento, me sinto bem e feliz. E sem saudade do Brasil.

Falta de pertencimento

Sem entrar em muitos detalhes, é inevitável reconhecer como o Brasil mudou ao longo do tempo e como essas mudanças impactaram minha percepção do país.

Recentemente, uma grande amiga que se mudou para o interior do Rio de Janeiro me enviou uma mensagem toda feliz, pois estava em Copacabana, onde eu e ela vivemos por muitos anos.

Fiquei contente por ela, mas, quando estive lá para visitar recentemente, não consegui compartilhar do mesmo entusiasmo. O bairro me pareceu mais barulhento, agitado, abandonado e inseguro. Tive medo o tempo todo.

O carnaval não é uma das poucas coisas que sinto saudade do Brasil.
A falta de pertencimento já me acompanhava há algum tempo, eu precisava lidar com isso.

Desde 2020, fui ao Brasil três vezes. Em todas essas visitas, senti-me como um peixe fora d’água, mesmo em lugares que antes me eram tão queridos. É uma sensação estranha. Evitei ir a determinados locais com receio de piorar ainda mais minha impressão sobre o Rio de Janeiro e o Brasil.

Na verdade, essa sensação de falta de pertencimento já estava presente antes mesmo de eu deixar o Brasil. É algo difícil de admitir — estranho e bastante desconfortável.

Eu precisava alçar novos voos, explorar novas perspectivas e vivenciar uma realidade diferente. Era uma necessidade que não podia mais ignorar.

Do que realmente sinto saudade do Brasil

Das poucas coisas que sinto saudade do Brasil: amigos e família. Embora eu tivesse poucos amigos no Brasil, aqui tenho ainda menos. Continuo em contato com alguns amigos brasileiros, mas a conexão não é a mesma sem o compartilhamento diário. Naturalmente, as relações se esfriam um pouco, afinal, fui eu quem decidiu deixar o país.

O mesmo ocorre com a família, que é pequena. Mantemos contato semanal, mas já não sei mais os detalhes da vida cotidiana deles.

Admitir que minhas visitas ao Brasil são motivadas principalmente pela família e pelos amigos não é fácil. Se pudesse, gostaria que eles viessem a Portugal. Para mim, a saudade está mais ligada às pessoas do que às coisas.

Não tenho outros motivos para estar no Brasil, pois reconstruí minha vida aqui.

Pensando em saudade do Brasil

Talvez esta coluna “Das poucas coisas que sinto saudade do Brasil” tenha sido útil para você que está considerando imigrar, mas está cheio de receios sobre a saudade. Lembre-se de que cada pessoa tem sua própria realidade e história.

Quem decide sair do seu país deve ter razões sólidas para deixar tudo para trás. Se seu sonho é sair do Brasil, faça isso com plena consciência e abrace suas razões. No final, a única pessoa a quem você deve satisfação é a si mesmo.

Esta coluna também pode ter sido boa para você que já imigrou e sente a ausência de saudade do Brasil, mas ainda carrega um pouco de culpa. Não se preocupe. O maior esforço já foi feito: deixar tudo para trás e recomeçar do zero. Sinta orgulho da sua trajetória.

Não sentir saudade não significa que você não gosta do Brasil

Mergulhe de cabeça em sua nova realidade, busque se adaptar e sempre se lembre das razões que o levaram a tomar essa grande decisão.

Se você ainda não lida bem com a saudade, pode ser uma boa ideia equilibrar visitas ao Brasil com a vida no exterior, se tiver condições financeiras para isso. Mesmo visitas curtas podem ajudar a matar a saudade e depois permitir que você continue sua trajetória no novo país.

Não é fácil, e nunca será. Onde hoje existe saudade, houve amor, e é possível que esse amor nunca se apague.