O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, pegou muita gente de surpresa ao anunciar eleições gerais na Inglaterra para o dia 4 de julho. Isso pode significar uma verdadeira dança das cadeiras no poder, com o Reino Unido possivelmente tendo seu quarto primeiro-ministro em apenas dois anos, caso Sunak não consiga a reeleição.

Vamos revelar os bastidores dessa decisão surpreendente e investigar as potenciais repercussões para a política e a economia.

Primeiro-ministro vira o jogo ao anunciar eleições

Rishi Sunak, que assumiu a liderança do Partido Conservador em outubro de 2022 após uma mudança interna de poder, convocou eleições gerais, o que foi considerado uma manobra surpresa.

A decisão marca a primeira vez que ele enfrentará os eleitores em uma eleição geral desde que se tornou líder do governo. Sunak, que tem sido uma figura central na política britânica, agora terá a oportunidade de buscar um mandato direto do povo para implementar sua visão e políticas.

No anúncio, em meio a uma chuva torrencial, que parecia refletir a tempestade política que se formava, Rishi Sunak defendeu vigorosamente seu trabalho e as políticas implementadas desde que assumiu a liderança do governo britânico.

Sunak assumiu o cargo após substituir Liz Truss, em um momento crítico para o Partido Conservador e para o Reino Unido como um todo. Agora, ele se prepara para enfrentar o julgamento do eleitorado.

Pressão para antecipar as eleições gerais na Inglaterra

Rishi Sunak estava sob pressão para convocar eleições gerais na Inglaterra, mas preferiu esperar por melhores resultados econômicos antes de fazê-lo. A decisão de Sunak se baseia na esperança de que, com a aparente recuperação da economia, sua posição política se fortaleça.

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Ele acredita que números econômicos mais favoráveis, como a queda na inflação, aumentarão suas chances de sucesso nas eleições. Assim, Sunak aposta que esses indicadores positivos serão decisivos para uma campanha eleitoral vitoriosa.

Segundo Sunak, os britânicos precisarão decidir quem possui a estratégia certa e quem está disposto a tomar as ações audaciosas necessárias para assegurar um futuro promissor para a nação.

“Este é o momento para os britânicos escolherem, é o momento do Reino Unido escolher o seu futuro, de decidir se quer aproveitar os progressos alcançados ou arriscar-se a voltar à estaca zero, sem um plano e sem certezas.”

O primeiro-ministro britânico afirmou que as eleições ocorrerão “em um momento em que o mundo está mais perigoso do que nunca desde o fim da Guerra Fria”. No encerramento de seu discurso, expressou a esperança de que o trabalho realizado até agora demonstre que ele está pronto para o futuro.

Dissolução do Parlamento antes das novas eleições

A dissolução do Parlamento no Reino Unido é um processo que ocorre quando o primeiro-ministro decide encerrar o atual Parlamento e convocar novas eleições. Neste caso, o primeiro-ministro pediu ao rei Charles III para dissolver o Parlamento em 30 de maio.

Em termos práticos, a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas na Inglaterra podem levar a uma mudança radical de governo. Se o Partido Conservador de Sunak não ganhar nas próximas eleições, o Reino Unido poderá ter seu quarto primeiro-ministro em cerca de dois anos.

Isso demonstra a instabilidade política recente e a importância das próximas eleições para definir o futuro político do país.

Trajetória conservadora conturbada

O Partido Conservador enfrenta dificuldades no poder nos últimos anos. Em 2010, David Cameron ganhou as eleições, mas sem maioria parlamentar, teve que formar uma coalizão com os Liberais Democratas. Contra todas as expectativas, manteve a coalizão unida até 2015, quando conseguiu uma maioria surpreendente.

No entanto, não durou muito. O referendo do Brexit em 2016 dividiu o partido e tornou a governança quase impossível para seus quatro sucessores, começando por Theresa May.

May foi substituída por Boris Johnson em 2019, após uma eleição antecipada fracassada e a incapacidade de aprovar o acordo do Brexit. Johnson, envolvido em vários escândalos, incluindo festas ilegais durante a pandemia, foi forçado a renunciar em 2022.

Downing Street, 10 em Londres
Pela instabilidade, a famosa residência oficial do primeiro-ministro inglês passou por muita movimentação nos últimos anos.

Liz Truss assumiu brevemente, mas sua gestão de 45 dias causou estragos econômicos, fazendo a libra cair para o valor mais baixo da história em relação ao dólar e disparando as taxas de juros e inflação. Cansado do caos, o Partido Conservador colocou Rishi Sunak no comando do Reino Unido, na esperança de que ele pudesse criar um ambiente de estabilidade.

No entanto, o atual primeiro-ministro não cumpriu a missão e hoje enfrenta resistência até mesmo dentro do seu próprio partido.

Eleição na Inglaterra tem polarização entre conservadores e trabalhistas

Conservadores e trabalhistas travam uma disputa acirrada nestas eleições gerais na Inglaterra. Os conservadores tentam manter sua posição e esperam que a liderança de Rishi Sunak possa trazer confiança para o partido nos próximos meses.

Por outro lado, os trabalhistas enxergam esta eleição como uma oportunidade para retornar ao poder após anos marcando lugar na oposição. Eles estão confiantes de que podem oferecer uma alternativa viável e atraente para os eleitores britânicos.

Quais são as intenções dos conservadores?

A imigração irregular tem sido um tópico sempre em pauta. Sunak promete apertar ainda mais as medidas contra imigrantes, agradando especialmente os eleitores conservadores, que apoiaram o Brexit.

Quando Rishi Sunak assumiu o comando do governo britânico, prometeu acabar com a entrada sem limites de imigrantes, colocando o tema no topo da sua lista de prioridades. A ideia era deportar imigrantes para Ruanda. Uma medida bastante controversa.

Sunak já admitiu, no entanto, que o projeto provavelmente não será posto em prática antes das novas eleições. Mas, o primeiro-ministro disse que gostaria de ver os primeiros voos partindo com imigrantes ilegais logo após sua eleição, caso seja reeleito.

Primeiro-ministro britânico durante pronunciamento
Sunak entrou para a política em 2015, quando foi eleito membro do Parlamento pelo Partido Conservador. Foto: Governo Britânico

Outra intenção divulgada pelos conservadores foi a reintrodução do serviço militar obrigatório ou trabalho comunitário para cidadãos de 18 anos. Essa proposta forçaria os jovens a decidir entre um emprego em tempo integral nas forças armadas por um ano ou fazer trabalho voluntário em sua comunidade um fim de semana por mês, também por um ano.

Para colocar essa medida específica em prática, os conservadores planejam incluí-la em uma nova Lei do Serviço Nacional, que seria aprovada quando o programa-piloto fosse lançado em setembro de 2025. Se passar, o Reino Unido se juntará a países como Israel, Coreia do Sul e Singapura, que já possuem programas semelhantes.

O que pretendem os trabalhistas?

O Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer, prometeu que vai abandonar a política de deportação de imigrantes para Ruanda, dizendo que se trata de um artifício caro e ineficaz. O partido também acredita que a imigração está descontrolada e prometeu utilizar meios inspirados na luta contra o terrorismo para combater os grupos de contrabandistas.

Pouco tempo depois do anúncio de eleições gerais na Inglaterra, o líder do Partido Trabalhista, fez um discurso ao país em um púlpito com a palavra “Mudança” em destaque.

“Juntos, podemos acabar com o caos, virar a página e começar a reconstruir a Grã-Bretanha, transformando nosso país”.

Keir Starmer tem sido uma voz forte contra o alto custo de vida no país e prometeu uma “década de transformação” para combater este problema. O candidato acredita que a criação de bases sólidas para o crescimento econômico é essencial e, por isso, tem buscado o apoio do setor empresarial.

Keir Starmer em pronunciamento
Keir Starmer aposta em um novo rumo após 14 anos de governo dos conservadores. Foto: Partido Trabalhista

Ele também prometeu a “maior transferência de poder de sempre de Westminster para o povo britânico” se ganhar as próximas eleições. Uma das propostas é a abolição da Câmara dos Lordes, parte importante do governo do Reino Unido.

Ela trabalha junto com outra parte chamada Câmara dos Comuns para fazer leis e tomar decisões para o país. É composta por membros que incluem lordes hereditários, lordes espirituais (cargos eclesiásticos) e lordes vitalícios nomeados. A Câmara dos Lordes revisa e propõe emendas às leis, mas sua autoridade é limitada pela Câmara dos Comuns, eleita pelo povo.

Pesquisas e resultados prováveis nas eleições gerais na Inglaterra

O atual líder do Partido Conservador e primeiro-ministro do Reino Unido está diante de uma tarefa significativa nas eleições que se aproximam. As pesquisas atuais mostram que o Partido Trabalhista tem uma vantagem substancial de 20 pontos. Isso pode resultar em uma grande mudança no governo britânico.

John Curtice, professor da Universidade de Strathclyde, alerta que os conservadores encaram um “desafio gigantesco” desta vez. Sobre a decisão de dissolver o Parlamento e antecipar as eleições, o professor disse à BBC:

“Duas palavras me vêm à mente: ou ele é muito valente, ou está sendo incrivelmente audacioso”.

Analistas dizem ainda que, ao que tudo indica, o líder trabalhista, Keir Starmer, não deve só vencer as eleições gerais na Inglaterra e assumir o poder, mas também terá uma grande maioria no Parlamento.

Economia melhora, mas ainda há problemas

A inflação anual no Reino Unido caiu para 2,3% em abril, segundo o relatório do Escritório Nacional de Estatísticas britânico. Na comparação mensal, a inflação de abril ficou em 0,3%.

A redução nos preços do gás e da energia elétrica foi o principal fator que contribuiu para a queda tanto na variação mensal quanto na anual do índice que mede a inflação. Por outro lado, a maior contribuição para o aumento veio dos combustíveis, que registraram aumento nos preços.

Os especialistas contavam com uma queda mais acentuada na inflação, mas os números vieram acima do esperado. Essa situação complicou a estratégia de Sunak, deixando em evidência os desafios de sua gestão econômica e aumentando a pressão para que apresentasse resultados concretos antes de enfrentar o eleitorado.

A economia do Reino Unido segue enfrentando dificuldades devido a uma combinação de fatores como os altos preços de energia, inflação crescente, aumento das taxas de juros, aumento dos impostos, escassez de trabalhadores e redução do gasto governamental.

Todos esses fatores contribuíram para a retração da economia, o que representa um desafio e tanto para quem vencer a eleição geral na Inglaterra e assumir o cargo de primeiro-ministro.