De um lado, países discutindo (e aplicando) a semana de quatro dias de trabalho; do outro, a Grécia, que acaba de adotar uma semana de seis dias de trabalho. Apesar de a decisão não ser válida para todos os setores da economia, a medida foi recebida com grande descontentamento pelos trabalhadores gregos.

Seis dias de trabalho na Grécia deixa trabalhadores inconformados.
Índice Setor do turismo e dos restaurantes fora da nova regra Sindicatos e trabalhadores criticam a medida Trabalhadores gregos já trabalhavam mais horas entre os europeus Semana de 4 dias já é realidade em diversos países A semana de 4 dias no Brasil

A decisão foi tomada para tentar reduzir os problemas como a diminuição da população e a escassez de trabalhadores qualificados.

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Setor do turismo e dos restaurantes fora da nova regra

A semana de seis dias é válida apenas para as empresas que trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana, ou que já têm uma elevada carga horária, seja no setor público ou na iniciativa privada. As atividades ligadas ao turismo, hotelaria e restaurantes não são obrigadas a seguir a nova determinação.

Com a nova regra, os empregados poderão ter que fazer até 48 horas de trabalho por semana, que podem ser alcançadas ampliando a jornada de trabalho nos 5 dias (cerca de 2 horas a mais por dia) ou adicionando um novo dia de trabalho durante a semana.

A contrapartida para as horas a mais é um suplemento salarial de 40% nas horas adicionais do sexto dia ou de 115% caso o dia extra seja um domingo.

Apesar do aumento salarial, os trabalhadores da Grécia já se manifestaram contra a medida, alegando que preferem um maior equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal.

Sindicatos e trabalhadores criticam a medida

Representantes sindicais e trabalhadores ouvidos pela imprensa local não pouparam críticas à decisão do governo. Todos lembram que as medidas vão contra a tendência seguida por outros países europeus e muitos já questionaram a legalidade da iniciativa.

“Não faz qualquer sentido. Quando quase todos os outros países civilizados aplicam uma semana de quatro dias, a Grécia decide ir na direção oposta”, comentou o representante do sindicato dos funcionários públicos.

Em declarações para a agência Associated Press, os trabalhadores também foram enfáticos “Voltamos às décadas anteriores. Esta medida não tem nada para oferecer. Não vai resolver o problema das empresas que não têm pessoal suficiente”.

“A Organização Mundial de Saúde diz-nos que 40 horas de trabalho por semana já é demasiado. E vemos outros países europeus onde volume de trabalho está diminuindo. Para mim, a jornada de seis dias é inaceitável e não devemos, em circunstância alguma, deixar que seja imposta”, reforçou um dos trabalhadores ouvidos pela imprensa.

Trabalhadores gregos já trabalhavam mais horas entre os europeus

O aumento na carga horário da Grécia, que passa a ser 48 horas por semana, apenas reforça uma realidade que os trabalhadores já conhecem bem: os gregos trabalham, em média, cerca de 39,8 horas por semana, de acordo com dados mais recentes do Eurostat, contra uma média de 36,1 horas no restante da União Europeia.

Na lista encabeçada pela Grécia aparece em seguida a Romênia (média 39,5 horas de trabalho por semana), Polônia (39,3 horas) e Bulgária (39 horas).

Na ponta extrema, a semana de trabalho mais curta, em média, é na Holanda (32,2 horas), seguida pela Áustria (33,6 foras) e pela Alemanha (34 horas).

Mapa apresenta as horas trabalhadas por país europeu
Os dados, com informações de 2023, consideram os trabalhadores com idades entre 20 e 64 anos. Fonte: Eurostat

Interessante observar que os três países que aparecem no mapa com números acima da média de 40 horas de trabalho (Turquia, Sérvia e Bósnia-Herzegovina) ainda não fazem parte da União Europeia.

Um dado que complementa as informações sobre a média de horas trabalhadas durante uma semana na União Europeia é o que mostra a diferença entre os empregados e os empregadores.

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Os trabalhadores independentes com empregados tiveram o maior número de horas semanais habituais de trabalho no seu emprego principal (47 horas por semana), seguidos pelos trabalhadores independentes sem empregados (os trabalhadores por conta própria) com 40,4 horas.

Todos eles, portanto, acima da média de pouco mais de 36 horas dos empregados.

Semana de 4 dias já é realidade em diversos países

Alguns países, tanto na Europa quanto nos outros continentes, já testaram a semana de 4 dias e apresentaram resultados positivos para a mudança.

Em Portugal, 41 empresas participaram de um projeto-piloto em parceria com a associação 4 Day Week Global e o Governo Português. De todas as participantes, mais de 80% decidiram manter este modelo de 4 dias de trabalho sem que haja redução do salário.

O relatório final apresentado pelos coordenadores do projeto-piloto mostra importantes benefícios para a saúde mental dos trabalhadores e uma melhoria no equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.

“A grande preocupação era saber se é benéfico para as empresas, e verificamos que estas mantêm os lucros”, informou à imprensa a pesquisadora Rita Fontinha, uma das coordenadoras do estudo.

“Pensamos, inicialmente, que seria mais para uma elite, mas não. Como a elite, geralmente, tem mais acesso a trabalho flexível e maior autonomia na gestão do dia de trabalho, os trabalhadores que recebem menos e que têm um trabalho mais presencial atribuem maior valor à semana de quatro dias.”

Foram feitos projetos experimentais também na Alemanha, no Brasil, na Nova Zelândia, na África do Sul, na Austrália, na Irlanda, no Reino Unido e outros países. Dados consolidados da 4 Day Week mostram que as empresas que adotaram o modelo de semana de 4 dias conseguiram os seguintes resultados:

ResultadoPorcentagem
Redução no esgotamento64%
Aumento na capacidade de trabalho54%
Acharam mais fácil atrair talentos63%
Aumento da receita em relação ao ano anterior36%
Diminuição nas demissões de funcionários42%

A semana de 4 dias no Brasil

No Brasil, o projeto-piloto, uma parceria da 4 Day Week Brasil e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), implementado pela Reconnect Happiness at Work também apresentou resultados promissores a partir da experiência inicial.

As empresas participantes relataram diminuições significativas no sentimento de exaustão (64,5%), frustração (56,5%) e desgaste emocional (49,3%). Também foi verificada a redução de 62,7% no estresse no ambiente de trabalho.

Além disso, quase 30% dos trabalhadores disseram que não mudariam de emprego para trabalhar 5 dias por qualquer valor e mais de 50% dos participantes relataram melhorias na capacidade de cumprir prazos, angariar clientes, executar projetos e estimular a criatividade, entre outros.

O modelo adotado no Brasil é o chamado 100-80-100, ou seja, 100% de pagamento do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade.